Segundo trabalho monográfico, em 1902, foi iniciado pela "Nordwestbahn Gesellschaft" (companhia ferroviária Norte-Oeste) a construção da ferrovia que deveria ligar as cidades de São Luiz Gonzaga, Santo Ângelo, Cerro Largo e toda a região do resto do estado e do país. Por isso era necessário colonizar as terras situadas em toda a área.
Linha Lavina está localizada a 14 km ao norte da cidade de São Paulo das Missões (Anexos: Mapa de São Paulo das Missões). Foi colonizada por volta de 1915, por imigrantes alemães e a maioria pomeranos, vindos da Colônia de São Lourenço do Sul - Pelotas/RS.
Primeiros imigrantes. (caça)
(Primeiros imigrantes, da esq. para a dir. Leopoldo Schmechel, Artur Strelow, Leopoldo Scheunemann e Paulo Vorpagel. No detalhe, uma águia que foi caçada por eles)
Após exaustiva viagem com carroças, lombo de cavalo, carona, trem, os pioneiros chegaram a Linha Lavina, através de picadas, pois tudo era mato. Primeiro derrubaram o mato usando somente ferramentas primárias como foice, machado e serrote.
Fizeram requerimentos para comprar as terras do governo (ver anexos: Registro de Imóveis). O imposto era pago com serviço, trabalhavam entre 6-8 dias/ano, fazendo estradas e mantendo roçada suas beiras. A terra dessa região era fértil e inabitada, enquanto que em Pelotas havia superpopulação, pois as famílias eram muito numerosas e costumava-se dar 1 ou mais colônias, para cada filho adulto.
O plantio era feito manualmente, o trabalho todo era feito pelos componentes da família, quando necessitavam de ajuda, pediam aos vizinhos. Os serviços eram retribuídos uns aos outros como forma de pagamento. Muitas vezes faziam “puxirão” e segundo entrevistados, saía uma boa comida para agradar os trabalhadores.
(“Puxirão” – colheita de arroz – (em pé da esq. para a dir.: Alberto Penning, Willi Griep, Albino Schmechel, Paula, Lepoldina e Vilma Penning. Sentados: Paulo Vorpagel e Leopoldo Scheunemann)
(“Puxirão” – agricultores lavrando as terras)
Plantavam milho, feijão preto, arroz, mandioca, batatas, tabaco, e também praticava-se a apicultura e outras. As formas de colheita eram primárias. O milho era debulhado a mão. O feijão era arrancado e colocado em cima de uma lona, depois de seco, era batido com um pau (manguá) ou então com três cavalos, alguém montava num dos cavalos, segurava e puxava os outros dois, sempre andando em círculo. Alguém precisava cuidar para que os cavalos não fizessem suas necessidade em cima do feijão. O trigo e o arroz, depois de cortado e colocado para secar em feixes, era batido em cima de um banco triangular, hoje, ainda há algumas famílias que usam este sistema arcaico na colheita do arroz.
Trouxeram poucos animais. Criavam vacas, porcos, galinhas, patos, somente para o consumo. Criavam cavalos para trabalhar, puxar carroças e arados. Das ovelhas, utilizavam a lã para a confecção de roupas quentes, cobertas e baixeiros para os cavalos.